Entre pastilhas coloridas, bênçãos de simpáticas senhorinhas, luz natural e janelas com venezianas de madeira, cresceu Jasmim. Lá aprendeu do “bê a bá” até sobre “ser e estar”. Ela convivia com colegas um tanto quanto previsíveis e, apesar de longas datas, poucos laços fortes foram criados.
O relógio passava e o calendário servia de lembrete de que as responsabilidades mundanas batiam na porta. Veio o dilema de, se por um bem maior, seria necessário se arriscar em novos desafios.
Entre choros e opiniões alheias, tomou a decisão, vestiu-se de sobriedade e foi. Lá era recebida de forma ríspida, as paredes eram cinzas, as janelas ausentes e a luz do Sol dava lugar a luzes artificiais brancas e ofuscantes. Sentiu desamparo, frio e apego a uma atmosfera que acreditava ser a realidade.
Com o passar do tempo, as diferenças se evidenciaram nos novos colegas, os quais carregavam consigo variadas cores, crenças e contos. Ela gostou, se identificou e foi se reunindo com eles em volta de uma mesa redonda para tomar café que começou a se sentir acolhida.
Um dia viu, fixado em uma estrutura verde, um convite para uma aventura teatral. Veio frio na barriga, veio vida. Inserida no cinza, enfim ela viu cores, ouviu músicas, tocou a dança e se sentiu em casa.
Desde então, para ela, arte é sinônimo de casa e é para lá que Jasmim se refugia e se aquece até hoje.
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